Opinião

Previsões para o novo ano



No início de ano, são tradicionais as previsões de magos, adivinhos, astrólogos e outros quetais, mas nunca vi a checagem da confirmação das previsões. Aliás, se fossem confirmadas, os próprios videntes se apressariam em divulgar seus acertos.

A maioria das previsões é genérica, vaga e admite interpretações variadas e se adequa a qualquer situação, como, por exemplo, afirmar que neste ano irá acontecer uma catástrofe climática de grandes proporções; ou que a situação de conflito no Oriente Médio irá se agravar. Até mesmo eu, que não tenho qualquer dom de clarividência, posso afirmar isso.

O busílis está nas previsões pontuais, referente a um lugar ou pessoa específica. Nestes casos o acerto depende de um acaso lotérico, isso é, com probabilidade próxima de zero.

Mesmo assim, é impressionante que os adivinhos de todos os matizes, ano após ano, ganham espaço nos principais meios de comunicação de massa para anunciarem as boas e más novas do ano entrante.

Penso que há uma explicação.

Há uma necessidade humana em acreditar em algo que está acima de sua compreensão, uma fuga imaginária da realidade. Quem não sonhou em acertar sozinho a loteria? A imaginação cria uma fantasia que dá esperança, mesmo que baseada numa coisa a toda evidência improvável, absurda ou equivocada.

As previsões de adivinhos, em princípio, não trazem mal a ninguém, mas servem apenas de alimento à fantasia que permite voltar à infância, época em que a ficção e a realidade se misturam e dão às crianças a capacidade de olhar e entender o mundo com uma doçura que vai se perdendo na adultez.

Há, entretanto, outro tipo de charlatão, que traz malefícios às pessoas em particular e à sociedade em geral, é determinado tipo de político, que se apresenta com promessas e propostas mirabolantes, as quais a toda evidência são inverossímeis, mas a necessidade de acreditar na possibilidade de um "milagre" faz com que o eleitor se deixe levar pela ilusão, assim como o homem sedento no deserto vai em direção à miragem na esperança de que possa ser real.

Quem vive nos limites da sobrevivência, assim como os muito egoístas e ambiciosos, ficam cegos diante de absurdos que lhes deem a ilusão de obter vantagem. Assim, as vítimas do "conto do vigário" e outros tipos de engodo e as vítimas de estelionato eleitoral.

Sem uma nova postura diante do mundo, o ano novo não passará de uma repetição do ano que se foi. Depende de nós fazermos 2018 um bom ano para o Brasil, não nos iludamos com os enganadores.

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